Os dentes do Chet Baker
Hoje eu li a notícia que aquele ator super promissor suicidou, aos 25 anos, sozinho no seu apartamento de luxo, num bairro de granfino... eu não consigo compreender até onde vai o vazio que leva à completa desistência da vida de um ser lindo, que dança descaradamente feliz com uma roupa de cetim lilás, que tem uma conta bancária de dar inveja e que é "bem sucedido".
Estou mais para Chet Baker que teve cada um de seus dentes arrancados e só ficou um tempo afastado do trompete para reaprender a embocadura. Chet Baker tem lugar cativo nas minhas coleções de música há mais de 3 décadas - sim, escuto o cidadão desde a pré-adolescência, quando meu avô paterno colocava os discos de vinil na sala e todo mundo corria, exceto eu! Chet Baker sempre foi uma figura fascinante para mim... um músico incrível; com uma vozinha quase inexpressiva, mas que tinha uma presença enorme; um homem lindo... passei 3 décadas achando o Chet um ser iluminado, até que outro dia fui pesquisar o nome de uma música dele e o google me fez o favor de me mostrar que Chet era só mais um ser humano que, apesar da genialidade, só sobrevivia mal e porcamente. Esta vida é mesmo ordinária, não perdoa ninguém... absolutamente nin-guém!
O Chet chegou mais perto de mim, estava escutando uma música dele quando escrevia o primeiro parágrafo e, curiosamente, o episódio dos dentes não me entristeceu. Saber que ele passou uma vida miserável lutando contra as drogas não me entristeceu também... no alto da minha desfaçatez eu trouxe o Chet para mais perto de mim, não fiquei triste, definitivamente...
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